PROGRAMA A PAR
Programa de Prevenção Primária e de Capacitação Familiar dirigido a famílias com crianças dos 0 aos 6 anos de idade.
É implementado, prioritariamente, junto de comunidades mais vulneráveis, através de Grupos A PAR.
Procura contribuir para a saúde, para o desenvolvimento integral e para a melhoria educacional da comunidade em que é implementado, promovendo a igualdade social, desde a mais tenra idade.
QUANDO E COMO SURGIU?
O Programa A PAR teve o seu início em Maio de 2006, ainda antes da constituição jurídica da Associação Aprender em Parceria (2007).
Inspirou-se no Programa PEEP (Parents Early Education Partnership), criado em 1995 na cidade de Oxford (Reino Unido), com o objetivo de melhorar as oportunidades de vida das crianças pequenas, residentes em áreas de intervenção prioritária. Este programa foi implementado e avaliado em três estudos longitudinais revelando ganhos significativos nas famílias, nas crianças e na comunidade onde o programa se desenvolve.
PORQUE SURGIU?
Tal como no Reino Unido, o Programa A PAR em Portugal surgiu da necessidade de trabalhar prioritariamente com as populações mais vulneráveis no sentido de capacitar as famílias mais jovens, numa estratégia de prevenção e de luta pela exclusão social. Os problemas mais frequentes encontrados nestas famílias e, respetivamente, as motivações encontradas para promover este Programa em Portugal foram:
– falta de apoio efetivo às famílias com crianças pequenas;
– falta de vinculação afetiva;
– baixa auto-estima de adultos e crianças;
– baixos níveis de literacia e numeracia;
– stress precoce;
– isolamento;
– desestruturação familiar;
– ambientes pouco estimulantes;
– problemas de nutrição;
– insucesso escolar;
– abandono escolar precoce.
O Programa A PAR foi estruturado para ser oferecido às famílias que tenham crianças com idades compreendidas entre os zero e os seis anos de idade. Ao envolver desde muito cedo os pais na educação dos seus filhos, reforça o seu papel crucial como primeiros e mais importantes educadores das suas crianças, reconhecendo que são estes que lhes poderão facilitar um início de vida e de escolaridade com mais sucesso.
OBJETIVOS
Promover o desenvolvimento integral das famílias e das comunidades criando contextos que favoreçam:
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O desenvolvimento de vínculos afetivos seguros e positivos entre pais e filhos;
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O aumento da consciência dos pais para as necessidades dos filhos em cada etapa do seu desenvolvimento, assim como o desenvolvimento de competências parentais;
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O desenvolvimento da auto-estima, tanto das crianças como dos seus pais e cuidadores;
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A criação de predisposições positivas para a aprendizagem nas crianças e o desejo dos pais e cuidadores de continuar a aprender ao longo da vida;
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O aumento dos níveis de literacia e numeracia quer nas crianças quer nos adultos;
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A criação de redes sociais de suporte mútuo entre as famílias, dentro de cada comunidade onde o programa se insere;
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A disseminação e replicação de boas práticas junto dos profissionais das instituições parceiras que trabalham com crianças e suas famílias;
Prevenir e combater problemas sociais e educacionais, desde o nascimento:
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Exclusão social;
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Insucesso e abandono escolar;
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Problemas comportamentais;
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Desestruturação familiar e falta de vinculação entre pais e filhos.
PRINCÍPIOS
Na relação com Pais/Cuidadores:
– Valoriza o conhecimento e a experiência dos pais;
– Trabalha com os pais e não para os pais;
– Valoriza a diversidade;
– Cria oportunidades para os pais partilharem entre si;
– Pais/Cuidadores são os educadores primordiais;
– Postura de acolhimento e não de julgamento.
Na relação com as Crianças:
– A auto-estima é crucial para a aprendizagem;
– A criança aprende brincando e interagindo no quotidiano;
– Os livros e a música são fundamentais para a aprendizagem;
– A criança aprende melhor quando é a protagonista da aprendizagem;
– As relações estão no cerne da aprendizagem;
– É preciso tempo para a aprendizagem.
GRUPOS A PAR
Sessões semanais, de uma hora, para crianças e pais/cuidadores, que acontecem num ambiente de música, rimas, dança, jogos, dinamização de histórias, leitura a par e diálogos com os adultos sobre a educação e o desenvolvimento dos seus filhos.
CURRÍCULO
O currículo do Programa A PAR baseia-se numa perspetiva desenvolvimentista tendo em conta as diferentes fases do desenvolvimento da criança, apresentando orientações curriculares para cada nível etário das crianças (dos 0 aos 6 anos). Define-se como sendo um currículo flexível, que se adapta às necessidades do grupo de famílias em cada momento. O currículo, na sua organização, inspirou-se na estrutura de trabalho ORIM, criada inicialmente por Hannon, P. (1996) na Universidade de Sheffiel na Inglaterra, no âmbito do processo de desenvolvimento da literacia, tendo sido posteriormente alargado a outros âmbitos do desenvolvimento das crianças.
O currículo A PAR organiza-se em múltiplos temas que são revisitados de acordo com a fase de desenvolvimento das crianças, tendo em conta as novas competências que estas adquirem e que lhes permitem novos modos de experimentar e compreender o mundo. Os temas trabalhados estão organizados em diferentes áreas curriculares.
BENEFICIÁRIOS
CRIANÇAS DOS 0 AOS 6 ANOS
2112
CRIANÇAS COM MAIS DE 6 ANOS
348
PAIS E CUIDADORES
2026
GRUPOS A PAR
108
ÁREA GEOGRÁFICA
LISBOA & GRANDE LISBOA
INVESTIGAÇÃO
A implementação do Programa A PAR em Portugal foi acompanhada em 2008, 2009 e 2010 por uma investigação financiada pela Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT) de tipo transversal , para perceber o impacto do programa nos seus beneficiários, para sua eventual disseminação e replicação em outros contextos a nível nacional, de forma a influenciar a qualidade da educação das nossas crianças.
O projeto de investigação intitulou-se “Evaluation of the Effectiveness of the Implementation of the A PAR Project in Portugal. Child Development and Parental Education” e foi coordenado por:
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Profª Doutora Maria Emília Nabuco (Centro Disciplinar de Estudos Educacionais, ESELx)
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Maria Stella Aguiar (Centro de Psicologia Clínica e Experimental: Desenvolvimento, Cognição e Personalidade, FPCE, UL)
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Cláudia Costa (Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich)
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Diogo Morais (Faculdade de Psicologia, ULHT)
Foram avaliadas 220 famílias e suas crianças que participaram nos Grupos A PAR, em comparação com 212 famílias e suas crianças que não participaram em Grupos A PAR. Todas as famílias eram de estrato social semelhante e todas as crianças foram emparelhadas por idade e género.
Questões de partida:
“A participação em Sessões do A PAR favorece a representação e o desempenho da função parental na gratificação parental, na interação com os filhos e no suporte social?”
“A participação em Sessões do A PAR favorece o desenvolvimento cognitivo e sócio-emocional das crianças dos 3 aos 6 anos?”
Conclusões:
As famílias que participaram com as suas crianças nos Grupos A PAR, quando comparadas com as famílias e crianças do grupo de comparação, obtiveram ganhos estatisticamente significativos:
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na interação pais-filhos (sentirem-se modelos para os seus filhos);
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na gratificação parental;
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no apoio social.
As crianças que participaram nos Grupos A PAR, quando comparadas com as crianças do grupo de comparação, obtiveram ganhos estatisticamente significativos:
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na auto-estima, nomeadamente ao nível da dimensão cognitiva;
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no desenvolvimento da literacia, ao nível da compreensão verbal, do vocabulário, da consciência fonológica (rima) e da escrita do seu próprio nome;
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no desenvolvimento cognitivo, ao nível da perceção visual, da orientação espacial, dos conceitos numérico precoces e do raciocínio não verbal.